Com frequência, parte da população acometida pelas hérnias inguinais nota um inchaço na virilha, que pode vir acompanhado de dor e desconforto local.
Em alguns casos, o orifício herniário e seu conteúdo são pequenos, passando despercebidos pelos pacientes.
Geralmente, os sintomas se intensificam após atividades físicas, tais como levantamento de peso ou crises de tosse, e aliviam com o repouso. Além disso, os portadores dessa condição podem manifestar uma dor irradiada na bolsa escrotal ou na vulva, devido à compressão ou à irritação dos nervos no canal inguinal.
Existem dois tipos de hérnia inguinal: indireta e direta. A hérnia inguinal indireta está associada a um problema congênito, geralmente identificada no paciente ainda jovem. Por sua vez, a hérnia inguinal direta é desenvolvida ao longo da vida, sobre uma área de fraqueza nesta topografia.
Ainda que haja a opção de suspensórios ou fundas, não são tratamentos eficazes e podem gerar uma falsa sensação de segurança. Além disso, fisioterapia ou fortalecimento muscular não são adequados para o tratamento da condição.
A forma mais efetiva de tratamento para hérnias inguinais é a cirurgia, sendo um método adequado para prevenir complicações, como obstrução intestinal ou encarceramento. Após a intervenção cirúrgica, respeitando-se o período de convalescença, as atividades físicas poderão ser praticadas sem restrições.
No passado, a cirurgia para correção das hérnias inguinais era realizada exclusivamente por meio de suturas nos músculos. No entanto, essas técnicas estão associadas a um risco mais elevado de recidiva (4% até 12%), reservadas apenas em casos selecionados ou em grandes centros especializados, como o Instituto Shouldice.
Atualmente, o uso de próteses para correção destas hérnias e reforço muscular, ditas “sem tensão”, são considerados o padrão-ouro. A sua taxa de recorrência é de até 1%.
A cirurgia aberta ou por corte é altamente eficaz e se apresenta com baixa morbimortalidade. Tem como principais vantagens: a possibilidade de ser realizada com anestesia local, mais facilmente executada, menor risco de complicações graves e custo reduzido. Os paciente recebem alta hospitalar no mesmo dia, se não houver nenhuma contra-indicação.
No entanto, possui maior risco de complicações locais, bem como tempo de recuperação e retorno às atividades mais prolongado.
A técnica de Lichtenstein, consiste em realizar uma incisão inguinal (virilha) para identificar os elementos do cordão espermático (ligamento redondo, em mulheres) e a parede posterior, locais que podem apresentar o defeito herniário. Após o reparo, uma tela é posicionada e fixada entre os músculos, finalizando com o fechamento dos tecidos.
A cirurgia laparoscópica envolve a realização de três pequenos furos no abdome, com tamanhos inferiores a 1 cm. Neles, instrumentos cirúrgicos específicos são posicionados, sob a visualização de uma ótica de 10mm acoplada a uma câmera de alta resolução, permitindo a execução do procedimento.
Há duas técnicas disponíveis: a TAPP, que é realizada pelo acesso à cavidade abdominal, e a TEP, que é feita apenas na parede abdominal sem invadir a cavidade.
Ambas têm riscos e taxas de complicações similares. Dentre as vantagens, compartilham a menor incidência de complicações de sítio cirúrgico, retorno mais rápido às atividades e prática de esportes. Requer anestesia geral, maior custo e curva de aprendizado. Os pacientes recebem alta hospitalar no mesmo dia, caso não haja contra-indicação.
A utilização da plataforma robótica denota grande avanço na prática cirúrgica. Entretanto, destaca-se que o robô não realiza a cirurgia por conta própria, sendo controlado pelo cirurgião a todo momento.
A cirurgia por robô segue os mesmos princípios da técnica minimamente invasiva, utilizando pequenas incisões para evitar grandes cortes e com grande aplicabilidade para aqueles que portam hérnia inguinal recidivada ou cirurgias prévias sobre a região inguinal. As principais vantagens são:
• Uma melhor visualização com imagem 3D;
• Maior estabilidade do campo operatório;
• Maior precisão dos movimentos cirúrgicos;
• Maior ergonomia para o cirurgião realizar os procedimentos.